Brasil tem maior índice de universitários que declaram ter saúde mental afetada na pandemia, diz pesquisa
Educação Superior
fevereiro 26, 2021

Sete a cada dez universitários brasileiros (76%) declaram que a pandemia trouxe impacto na saúde mental, o maior índice registrado em 21 países analisados, segundo uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira (26). Para a maior parte (87%), houve aumento de estresse e ansiedade. Apenas 21% buscou ajuda, e 17% declararam ter pensamentos suicidas.

O estudo “Global Student Survey”, divulgado nesta sexta-feira (26), ouviu 16,8 mil estudantes de 18 a 21 anos, entre 20 de outubro e 10 de novembro. Ele feito pela Chegg.org, organização sem fins lucrativos ligada à Chegg, empresa de tecnologia educacional norte-americana.

Os dados apontam que não só os universitários brasileiros se sentem impactados na saúde mental pela pandemia. Outros países, como os EUA, Canadá e Argentina, também registraram altos índices: 75%, 73%, e 70%.

Ao todo, os países ouvidos na pesquisa são: Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, Quênia, Malásia, México, Arábia Saudita, Coreia do Sul, Espanha, Turquia, Reino Unido, EUA e Rússia.

Em maio do ano passado, a Organização Mundial de Saúde (OMS) já havia feito um alerta sobre a crise de saúde mental provocada pela pandemia. “O isolamento, o medo, a incerteza, o caos econômico – todos eles causam ou podem causar sofrimento psicológico”, disse Devora Kestel, diretora do departamento de saúde mental da OMS, à época.

Incerteza pode levar ao estresse e ansiedade

No Brasil, a insegurança atual e a incerteza sobre o futuro podem estar ligadas ao estresse e ansiedade apontados pelos jovens universitários.

A pesquisa aponta que 61% dos universitários ouvidos no Brasil afirmaram ter dificuldade para pagar as contas. A média entre os demais países é de 53%.

A maior parte dos brasileiros (40%) tiveram problemas para quitar serviços públicos (como luz e água), 25% com a alimentação, 25% com contas médicas, e 19% com aluguel ou hipoteca.

Eles destacam que os três principais desafios que a geração irá enfrentar são o aumento da desigualdade (34%), a dificuldade de ter acesso a empregos de qualidade (24%) e garantir educação a todas as crianças (14%).

A pesquisa também indica que 39% dos entrevistados dizem que o Brasil é um bom país para se viver, a terceira pior taxa, atrás de Argentina (16%), Rússia e México (os dois com 37%). Quase metade dos estudantes brasileiros (48%) afirmam que o país está pior do que há cinco anos.

“Em todo o mundo, os estudantes nos disseram claramente que os maiores problemas enfrentados por sua geração são o acesso a empregos de boa qualidade e a crescente desigualdade. Lidar com esses desafios é mais importante do que nunca após a devastação econômica causada pela Covid, e a educação é a chave para isso”, afirma Lila Thomas, diretora de impacto social da Chegg e presidente da Chegg.org.

Dados globais

A pesquisa também aponta que, entre todos os países pesquisados, 65% dos estudantes disseram que prefeririam ter a opção de mais aulas on-line caso isso diminuísse o valor das mensalidades. No Brasil, o índice é de 45%.

Quase metade (48%) de todos os entrevistados afirmam que gostariam que a universidade ou faculdade incorporasse mais recursos de aprendizagem on-line, contra 34% que não gostariam. Em 14 dos 21 países, há mais estudantes inclinados a aceitar este tipo de recurso. No Brasil, não. A pesquisa indica que 51% não aprovaria mais recursos on-line, e 14%, sim.

Um terço (33%) de todos universitários ouvidos afirmam não acreditar que vivem em uma sociedade aberta, livre, que apoia a diversidade e os menos afortunados e oferece oportunidades iguais a todos. No Brasil, o índice é de 70%, o maior entre todos os países pesquisados.

Três em cada dez (31%) estudantes de todos os países pesquisados têm dívidas ou empréstimos relacionados aos estudos universitários. A proporção de estudantes com dívidas tende a ser consideravelmente menor nos países da Europa continental (11%) e latino-americanos (12%) pesquisados em comparação com países anglo-saxões (61%). No Brasil, o índice é de 13%.

Fonte: G1